Termo “gênero” e “orientação sexual” podem ser proibidos nas escolas brasileiras
A educação sofreu mais um ataque da banca conservadora na última terça-feira (08). O texto do projeto Escola Sem Partido, que já censurava os professores em sala de aula, também quer proibir o uso da palavra “gênero” e da expressão “orientação sexual” em sala de aula, mesmo em disciplinas “complementares ou facultativas”. O texto já foi aprovado pela comissão especial destinada a analisar o projeto e que é formada apenas por evangélicos.
Segundo publicação da Folha de São Paulo, o documento diz que “a educação não desenvolverá políticas de ensino, nem adotará currículo escolar, disciplinas obrigatórias, nem mesmo de forma complementar ou facultativa, que tendam a aplicar a ideologia de gênero, o termo ‘gênero’ ou ‘orientação sexual’”.
O relator do texto deputado Flavinho (PSC-SP), criticou aqueles que afirma pregarem a “ideologia de gênero”: “A maioria esmagadora tanto de intelectuais quanto da população em geral acredita que homem é homem e mulher é mulher”, e complementa: “uma sociedade sexualmente plural seja realmente sustentável a longo prazo. O que sabemos por experiência concreta é que uma cultura heteronormativa foi imprescindível à perpetuação da espécie humana e ao desenvolvimento da civilização ocidental.”
Com isso fica nítido que o projeto Escola Sem Partido, também conhecido como Lei da Mordaça, tem como base o cerceamento da liberdade de expressão e agora, da liberdade e igualdade de gênero e naturalmente o projeto de lei é fortemente rejeitado por especialistas e educadores.
O jornalista Leonardo Sakamoto disse em seu blog:
“A ideologia que naturaliza a mulher ganhar menos que o homem pela mesma função no trabalho; que relaciona apenas a ela as tarefas domésticas e o cuidado com as crianças e os mais velhos; que a transforma em objeto de prazer para ser violentado dentro da própria casa e alvo de ejaculação em trens e ônibus; que chama o assédio sexual e desrespeito de ”simples elogio” ou ”brincadeira”; que declara seu corpo como propriedade masculina, tentando proibir até abortos em caso de estupro; que faz com que elas se sintam culpadas pela violência que sistematicamente sofrem; que explica por ”mérito” e não por ”histórica desigualdade” o fato de haver muito mais homens do que mulheres nos parlamentos, governos, tribunais e conselhos de empresas; que interrompe a fala da mulher, tenta explicar como se ela fosse incapaz de compreender o mundo e faz com que acredite estar ficando louca; que torne o disparate tão normal a ponto de nunca ser preciso pedir desculpas. Pelo contrário, esperamos delas a desculpa pela nossa agressão”.
Ele ainda aponta que a educação oferecida com a Escola Sem Partido não irá conscientização do futuro trabalhador ou considerar a realidade da sociedade, impedindo que haja um senso crítico. Vivemos um atraso educacional que só piora e banir termos que deveriam ser cada vez mais entendidos pela sociedade em geral é retroceder ainda mais.