amFAR realiza conversa sobre cura do HIV com a comunidade

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Nesta última terça, 10, o anfiteatro da Faculdade de Medicina da USP recebeu cientistas e pesquisadores da amFAR, uma das mais importantes organizações sem fins lucrativos dedicada ao apoio de pesquisas sobre HIV/AIDS do mundo, para uma conversa aberta à comunidade sobre os destinos das pesquisas e as possibilidades de cura da doença mais pesquisada nos últimos 20 anos.

A mesa foi composta pela Dra. Rowena Johnston, vice-presidente e diretora de pesquisa da amFAR, Dr. Brad Jones, professor assistente do departamento de microbiologia, imunologia e medicina tropical da Universidade George Washington, Dr. Steeve Deeks, professor de medicina da UCSF e Dr. Lishomwa Ndhlovu, pesquisador da Universidade Tohoku.

Aproveitando o momento de lançamento da PrEP no Brasil e o processo de educação e esclarecimento sobre a nova terapia de prevenção, a discussão começou mostrando um panorama sobre o uso da PrEP em todo o mundo e as dificuldades de acesso á droga que ainda permeia sua distribuição com segurança.

“O acesso ainda é um problema. Então por que precisamos de uma cura para o HIV? Para que o estigma seja eliminado muito além da garantia de uma vida saudável e produtiva, para que o paciente deixe de ser paciente, para que o fato de se viver com o vírus no corpo deixe de ser uma condição” dosse Rowena sobre as motivações das pesquisas.

Sobre processos de quase cura: sabe-se que o transplante de células tronco ainda é perigoso para uso comum e a terapia de genes feita com um grupo de 7 pesquisadores que já fazem pesquisa segura, ainda sofre com as regulações das agências como a ANVISA que acredita que não seja segura a pesquisa.

“Agências regulatórias tem como base assegurar a vida dos pacientes, lidar com HIV é muito desafiador e escolher terapias é ainda mais, lembro-me sobre as primeiras terapias que eram altamente tóxicas e graças as agências reguladoras hoje temos dosagens mais seguras de terapias. Mas há muito o que aprender e evoluir até se chegar na cura”, ressalta Lishomwa Ndhlovu.

Foi lembrado que menos da metade dos estudos nos EUA incluem mulheres, o que ainda nos leva a crer que mesmo dentro da comunidade médica acredita-se que homens que fazem sexo com homens estão mais expostos à doença.

O encontro reuniu estudantes de todas as áreas da saúde e foi aberto para perguntas. “O objetivo é se comunicar claramente sobre os estudos que estamos conduzindo ou jamais será válido pesquisar. Conversar com a comunidade e esclarecer o que está acontecendo sobre pesquisa é tornar uma comunidade mais forte e menos preocupada com o HIV”, disse Steeve Deeks.

Sobre o futuro das pesquisas e otimismo – “se as pessoas me perguntarem se haverá uma cura eu posso dizer que sim, que isso afetará a vida de todos nós, mas é perfeitamente factível. Acredito que o caminho está sendo trilhado, temos um grande problema de saúde pública e claro que é de interesse de todos os governos curar o HIV. Estamos todos os anos colocando 5 a 6 produtos em teste e isso está indo muito bem. Tudo é feito de uma forma muito segura, e ter a colaboração da população fortalece a pesquisa”, disse Rowena respondendo à pergunta de um aluno de enfermagem.

“sou super fã da teoria da erradicação, acredito fortemente na erradicação da infecção no mundo, temos pesquisas na Tailândia que provam essa possibilidade. A pesquisa não é barata nem está sendo guiada de forma em que se coloca dinheiro na direção mais exata”, completa.

Uma questão levantada por um participante acalorou a discussão: “Quanto custa se livrar do HIV num país como o Brasil que tem dezenas de outras prioridades de doenças? Isso é importante?”, Rowena responde: “eu não acho que as pessoas queiram de fato que se gaste tudo em pesquisa para curar HIV e não se gaste com outras doenças, mas vou lhe dar uma resposta simples para justificar o que penso, estamos colocando nossa atenção no HIV porque acreditamos que essa é uma forma de salvar a economia da pesquisa e voltar a centrar em outras doenças”.

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