Unicamp tem primeira transgênero doutorando com nome social
Amara Moira, de 33 anos, é a primeira travesti a defender doutorado na Unicamp com seu nome social, um passo significativo contra o preconceito nas universidades e no mercado de trabalho. Ela conta que ter sido reconhecida dentro do ambiente acadêmico é uma batalha vencida em meio à “guerra” que pessoas trans travam diariamente com a sociedade.
“Foi um indício que a universidade aprendeu a se transformar para que pessoas como eu caibam ali. A gente vai comemorar cada uma dessas vitórias, mas deixar claro que não vamos nos contentar com elas”, avisa.
Amara, que é autora do livro “E se eu fosse puta”, defendeu doutorado em teoria e crítica literária e contou em entrevista ao G1 que busca quebrar barreiras com a ajuda do conhecimento sem ter que viver em guerra com ninguém, mas com as pessoas acostumadas a estarem ao seu lado sem ser vista como uma ameaça.
A, agora doutora, reforça que sua luta consiste em acabar com rótulos atrelados às pessoas trans. “Não quero que me vejam como um pedaço de carne. Não quero ser assediada o tempo inteiro, mas também não quero ser vista como uma pessoa que vai dar uma facada ou roubar quem quer que seja. Essas são as narrativas que são atreladas a ideia da travesti”.
Assista Ana falando sobre sua conquista:
A Diretoria Acadêmica da Unicamp (DAC) atende atualmente dez solicitações da inclusão de nome social no cadastro de alunos de graduação ou pós. De acordo com o coordenador adjunto da DAC, Adauto Delgado Filho, desde 2015 era previsto o cadastro com o nome social, mas somente agora a Universidade começa a emitir os documentos oficiais com a opção de como o estudante quer ser chamado.
A solicitação pode ser feita pelas pessoas transgênero ou por simples escolha, conforme Delgado Filho. Ele acrescenta que a lei determina a manutenção do prenome do registro civil acompanhado do prenome escolhido nos documentos oficiais.