Crime de ódio: Brasil registra mais de 2 mil ocorrências contra LGBTs em 2018
Crime de ódio é quando o crime é cometido em razão de preconceito contra uma determinada identidade do indivíduo. Em 2018, o Brasil registrou 12.098 crimes de ódio, isto é, a cada dia, 33 crimes motivados por ódio foram registrados pelas polícias dos Estados brasileiros e do Distrito Federal.
Os dados são da ONG britânica Words Heal the World que traçou o Mapa do Ódio no Brasil, a partir de dados oficiais de crimes motivados por preconceito baseado em raça, orientação sexual (tendo como alvo a comunidade LGBT), religião, origem e gênero (feminicídio).
Entre os 12.098 crimes de ódios registrados no ano passado, 1.175 (9.71%) foram homicídios, sendo 1.141 feminicídios, 33 homicídios motivados por preconceito baseado na orientação sexual da vítima e um homicídio motivado por preconceito baseado na origem da vítima.
Os crimes motivados por preconceito racial correspondem à maior parte dos registros de crimes de ódio: 70,47% (8.525 casos). Em seguida, aparecem os crimes de ódio motivados por preconceito com relação à orientação sexual (17,9%), com 2.165 casos. Os crimes de ódio motivados por preconceito de gênero (feminicídio) somam 1.141 casos (9,43%), já os motivados por preconceito religioso são 220 (1,82%), enquanto os de ódio à origem são 47 (0,39%).
Dados importantes do estudo sobre Crime de ódio
“Apesar de ser definido por lei, o termo `crime de ódio` é pouco difundido no Brasil. Fala-se muito em ataques de intolerância religiosa, mas pouco se fala no motivo causador do ataque: o ódio que é usado como justificativa para ações hostis contra um determinado grupo de pessoas. Aqui esse conceito pode parecer novo. Mas na Europa e nos Estados Unidos, existe um monitoramento desses crimes devido à gravidade e escala deles.”
“Crimes de ódio deixam cicatrizes não só físicas, mas também psicológicas. Eles prejudicam a coesão social, expandindo ainda mais os abismos existentes entre alguns grupos sociais. Crimes de ódio começam muitas vezes no terreno das palavras e numa sociedade conectada pelas mídias sociais, torna-se ainda mais importante o monitoramento de tais crimes como forma de prevenir o aumento no número de delitos e identificar tendências que possam futuramente até alimentar o surgimento de grupos extremistas” – Beatriz Buarque (fundadora da ONG Words Heal the World)
Além de dados de crimes de ódio motivados por preconceito, o documento também traz números de ofensas motivadas por preconceito registradas pelos canais de denúncia do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos em 2018. A análise cruzada dos dados permitiu identificar, entre outras coisas, uma discrepância significativa entre os números de crimes de ódio motivados por preconceito religioso e as denúncias com mesma motivação. O número de denúncias (506) é muito superior ao número de crimes registrados no mesmo ano (220).