
“Famílias gays não existem”, diz ministro italiano em seu primeiro dia de mandato
“Famílias gays não existem”. Essa foi a declaração do ministro italiano Lorenzo Fontana, que acabou de assumir o ministério da Família e da Deficiência da Itália. Seu pronunciamento polêmico, que obviamente tem base na sua religiosidade, virou alvo de questionamentos por parte de ativistas e ONGs em todo o mundo.
“Sou católico, não escondo isso. E por esse motivo acredito e digo que as famílias são as naturais, onde uma criança deve ter um papai e uma mamãe”, afirmou o ministro, de 38 anos, em entrevista neste sábado (02/06) ao jornal Corriere della Sera. Fontana afirma ainda que, além de suas próprias crenças, a lei italiana não reconhece essa formação familiar. “Uma lei com esse propósito não existe. Devemos decodificar o que está acontecendo nos cartórios italianos que têm registrado filhos de pais homossexuais”, criticou.
O ministro afirma jamais ter pronunciado nada que desabone a existência de pessoas LGBTI e que sua fala não é contrária ou agressiva, mas ressalta acreditar que se vive em “um modelo cultural relativista”, no qual “não existem as comunidades, mas sim, as famílias, que são a primeira e mais importante comunidade da nossa sociedade”. Fontana, no entanto, admitiu que isso não está na sua pauta como ministro no momento e que pretende se focar a “convencer as mulheres a não abortarem”.
As reações foram imediatas nas redes sociais de todo o mundo, despertando reações no ambiente político e social na Itália. O ministro do Interior e vice-premier, Matteo Salvini, do partido nacionalista Liga Norte, tentou amenizar o caso, mas tomou distância de Fontana. “Fontana é livre para ter suas ideias. Porém, elas não são prioridade e não estão no nosso contrato de governo”, comentou. “União civil e aborto não são leis em discussão. Alguma vez dissemos que mudaríamos a lei do aborto? Não”, assegurou o ministro.
Entidades em defesa dos direitos da comunidade LGBT reagiram. “Estou chocada em ver um ministro da Família assim distante da realidade em que vive”, criticou Marilena Grassadonia, presidente da Associação “Famílias Arco-Íris”.