Fiocruz vai produzir Truvada e outros medicamentos para tratamento do HIV e hepatite C
A Fiocruz divulgou essa semana em seu site que o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) acaba de formalizar cinco novas parcerias de desenvolvimento produtivo (PDP) que visa a fabricação de medicamentos estratégicos para o SUS.
A lista inclui produtos de primeira linha contra HIV/Aids, hepatite C e também de medicamentos para evitar rejeição de órgãos transplantados. Estima-se economia de cerca de 60% para o Ministério da Saúde em relação aos valores praticados atualmente com a fabricação evitando importação bem como a ampliação ao acesso da população a essas drogas mais eficientes.
Outro medicamento a ser produzido a partir de agora é o Truvada, usado na prevenção do HIV. Combinação dos antirretrovirais Emtricitabina e Tenofovir, a droga será preparada no mesmo PDP com as empresas Blanver e Microbiológica. Em 2017, na primeira compra do medicamento, o Ministério da Saúde anunciou que seriam gastos US$ 1,9 milhão na aquisição de 2,5 milhões de comprimidos, suficiente para atender demanda de cerca de 7 mil pacientes apenas. Com a produção nacional, o número de pessoas atendidas poderá ser ampliado.
Um dos medicamentos mais aguardados é o sofosbuvir, principal produto contra a hepatite C, capaz de curar o paciente sem a necessidade de transplante de fígado. O problema, até então, era o preço extremamente alto. O custo da terapia por paciente, que hoje é de 7,5 mil dólares aos cofres públicos, já chegou ao patamar de US$ 84 mil, o que restringia, e continua restringindo, o acesso de quem precisa do medicamento.
Jorge Souza Mendonça, diretor do instituto, frisa que o objetivo é iniciar a distribuição do sofosbuvir a partir do segundo semestre deste ano. “Estamos elaborando o cronograma da transferência de tecnologia. Mas nossa pretensão é otimizar esse processo, para que ele ocorra o mais breve possível”, observa.
A fabricação compreende ainda dois antivirais para Hepatite C: simeprevir e daclastavir; e o imunossupressor everolimo, usado para evitar rejeição de órgãos transplantados. Segundo Jorge Mendonça, não haverá necessidade de obras para a internalização das novas tecnologias, uma vez que Farmanguinhos já possui área de antivirais e antirretrovirais, e acaba de inaugurar uma linha especificamente para imunossupressores (tacrolimo e everolimo).
Todos os acordos assinados têm duração de cinco anos. Nos quatro primeiros, a produção será totalmente realizada nos laboratórios parceiros. No último ano, Farmanguinhos/Fiocruz passa a produzir metade da demanda. Ao final da transferência, toda a produção será executada nas instalações da unidade.