Oscar Wilde: o retrato da homossexualidade reprimida

Oscar Wilde: o retrato da homossexualidade reprimida

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Inglaterra, século XIX, a homossexualidade não era somente vista de forma moralmente errada, como era crime, como se não houvesse qualquer diferença entre um homossexual, um ladrão ou um assassino. Tempos antiquados, repletos de hipocrisia, em que a homossexualidade reprimida de um homem à frente de seu tempo o fez pagar caro por ser quem era em uma sociedade que cobrava máscaras de todos exigindo um comportamento uniforme: Oscar Wilde.

Wilde, irlandês, foi um dos escritores mais famosos de seu tempo, responsável por um dos romances mais influentes de todos os tempos: “O Retrato de Dorian Gray“. Seu famoso romance de 1890 é uma verdadeira obra de arte que ironiza a hipocrisia de sua sociedade em todo aspecto, repleto de ironias, o livro narra a história de um jovem (Dorian Gray) que é dotado de uma inimaginável beleza física e que ganha um retrato de si, que por forças ocultas envelhecerá e receberá as marcas de uma existência devassa enquanto o mesmo seguirá sempre jovem, belo e angelical. Ironizando o culto extremo pela beleza física, pelas aparências e status numa sociedade inteiramente falsa, tudo carregado de sutil homoafetividade.

O fato é que o próprio Wilde teve muita relação com sua famosa história, casado, pai de dois filhos a quem escreveu deliciosos contos de fada e dono de um estilo exageradamente elegante e artístico que muito incomodou sua sociedade, Wilde acabou por ser preso em 1895 quando perdeu um processo por difamação contra o Marquês de Queensberry, pois veio a público que Wilde tinha um envolvimento homoafetivo com o filho de Queensberry desde 1891.

A lei se fez valer em nome da nobreza, que se via com sua honra manchada diante de tamanho escândalo imoral, e foi exatamente o erro de Wilde: mexer com as aparências. O escândalo abalou muito sua carreira e também sua personalidade, se tornando sombrio, duro, terminando a vida em completa decadência no exílio.

Seu fim trágico, tal como o de Dorian cria uma relação única com os dois, levando a vida forçado a viver de aparências e destruído pela hipocrisia de uma sociedade cruel e egoísta. Ao mesmo tempo, o retrato de Dorian talvez seja um retrato que Wilde fez dessa sociedade, disfarçada de uma forma bela e moralista, ao mesmo tempo que devassa, impiedosa, hipocrita e sem moral, fazendo da sua experiência de vida uma bela e ácida crítica a esses horrores vividos diariamente.

Tal como Wilde a frente de seu tempo, hoje, com o progresso e a evolução como lema é necessário fazer retratos do lado escuro da sociedade e expô-los, antes que as máscaras voltem a ser obrigatórias.

 

“Seja você mesmo. Todas as outras personalidades já têm dono.”

Oscar Wilde

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