
Peça com Jesus trans poderá voltar a ser exibida por decisão judicial
Espetáculo ‘O Evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu’ foi proibido de ser encenado na cidade de Jundiaí-SP em 2017, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo revogou a liminar que proibia a encenação da peça que estava em cartaz no Sesc de Jundiaí. A apresentação da peça havia sido proibida por uma liminar em setembro do ano passado, após uma moradora da cidade entrar com uma ação na justiça contra o espetáculo.
Após a decisão, o Sesc de Jundiaí interpôs um agravo de instrumento pedindo a liberação da peça, acatado também em caráter provisório e nesta segunda-feira o acórdão do Tribunal de Justiça foi confirmando a liminar que derrubava a proibição. Para o relator, o desembargador José Luiz Mônaco da Silva, a proibição “feriu de morte a atividade artística da atriz transgênero que interpreta o personagem bíblico Jesus Cristo”.
Diz o interposto: “Pode-se até não concordar com o conteúdo da peça, mas isso não é motivo suficiente para alguém bater às portas do Judiciário para impedir a sua exibição. Basta não assistir ao espetáculo!”.
O julgamento teve a participação também dos desembargadores Erickson Gavazza Marques e James Siano e Moreira Viegas, todos foram favoráveis à revogação da liminar que proibia a encenação da peça na cidade: “Impedir a exibição do espetáculo “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu” é proibir a atividade artística é violar a lei que prevê a livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.”
Infelizmente ainda não há uma nova data de apresentação da peça na cidade. O espetáculo é um monólogo que conta histórias em que uma delas tem um Jesus representado por uma mulher transgênero. A diretora da peça Natália Mallo disse que foi a primeira vez que o espetáculo foi impedido de ser apresentado.
Em entrevista ao portal G1, ela disse que já esperava que o Tribunal de Justiça de São Paulo fosse tomar uma decisão favorável à peça. “Aquela liminar era muito explícita na crença pessoal e até no preconceito, que orientou aquela primeira decisão. E era juridicamente muito frágil. Então, a gente já esperava esse resultado, mas o recebemos com alegria, é claro”. Dias após ser proibida em Jundiaí, a peça foi encenada em São José do Rio Preto (SP), onde foi ovacionada por centenas de espectadores.