Jovem gay agredido a pedradas em festival faz relato emocionante, leia
Jeff Ingold, um jovem gay agredido a pedradas durante o festival de música Mighty Hoopla, que aconteceu nesta terça-feira (05/06) em Londres, narrou seu pesadelo quando foi atacado a pedradas antes mesmo de deixar o local do evento. Segundo ele, os agressores ainda gritavam insultos homofóbicos durante o ataque. Jeff deu um relato emocionante ao site GayStarNews em que ele fala sobre a violência sofrida, suas reflexões, e ainda, manda recado para a comunidade LGBTI:
Ontem à noite, eu estava caminhando até uma loja de departamentos com alguns amigos quando passamos por um grupo de adolescentes na rua. Tínhamos acabado de chegar do festival de música Mighty, um evento bastante gay. Por isso, estávamos usando roupas coloridas e cheios de glitter. Era minha camiseta rosa mais linda!
Dois rapazes deste grupo pelo qual passamos atiraram pedras na minha cabeça. Fiquei chocado, magoado, enfurecido. Não apenas pelo que aconteceu, mas porque eu estava com outras pessoas que também foram vítimas de agressões, vergonha e humilhação. Eu queria fugir, ficar sozinho e chorar.
Ao invés disso, levantei, fomos até a loja, pegamos o que precisávamos e voltamos pra casa. Foi no caminho de volta que passamos por um outro grupo de caras que começaram a nos xingar e dizer que devíamos ser mortos.
É difícil colocar em palavras ser atacado por ser você mesmo, por existir. É humilhante e desumano.
O mais difícil é aceitar este tipo de coisa esperando que isso mude algum dia. Parece uma consequência inevitável de se viver em uma sociedade que entende a heteronormatividade como regra. A violência ainda é um risco da vida gay. É 2018 e as pessoas não conseguem ser melhores?
Também tenho consciência de que, como homem branco e cisgênero, ainda tenho privilégios mesmo assim, o que me proporciona proteção maior do que outras pessoas da comunidade LGBT. Tenho a sorte de no dia-a-dia estar rodeado por uma família e amigos que me amam e me defendem.
Pessoas LGBT ainda não estão livres para serem elas mesmas. O que aconteceu ontem foi só uma lembrança dolorosa do fato de que, mesmo no centro de Londres em 2018, ser LGBT ainda é um risco. Precisamos muito ainda reafirmar nosso Orgulho.
Este ódio e violência deve unir nossa comunidade. Acho que as vezes podemos nos acostumar com o progresso já adquirido. Não podemos. Somos bonitos, fortes, diversificados. Todos os dias tenho orgulho em fazer parte desta comunidade. Mas ainda estamos sob ataque. Se pudermos ser mais gentis entre nós, nos apoiarmos, não há nada que não possamos conquistar juntos.