Quadrilha que traficava transexuais para Itália é presa pela PF
Quadrilha que aliciava transexuais para a Itália foi desmontada e presa pela Polícia Federal, em parceria com o Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público Federal, nesta quinta-feira, 09, em Franca (SP), a prisão é parte da Operação Fada Madrinha, contra o tráfico internacional de pessoas e o trabalho escravo.
As jovens trans eram obrigadas a pagar diárias de R$ 170 e caso não conseguissem arrecadar o valor para pagar a “estadia”, elas eram agredidas com barras de ferro e pedaços de madeira com um prego na ponta, tinham a cabeça raspada ou até mesmo deixadas nuas em rodovias na região. Ao todo cerca de 14 transexuais foram resgatadas do imóvel.
O aliciamento acontecia pelas redes sociais, com a promessa de procedimentos cirúrgicos faciais e corporais e também a participação de concursos de beleza no país europeu. “Para realizarem o seu sonho, teriam que pagar uma diária, dos quais R$ 70 para hospedagem e alimentação, R$ 50 para aquisição de roupas, perucas, sapatos e outros acessórios fornecidos exclusivamente pelos investigados, e os outros R$ 50 da chamada ‘poupança da transição’, para financiar os procedimentos cirúrgicos, prótese mamária e silicone industrial”, explicou a delegada da PF Luciana Gebrim.
A investigação teve início em novembro de 2017, quando a Polícia Federal recebeu informações de que transexuais estavam sendo aliciadas pelas redes sociais com promessas da realização de procedimentos cirúrgicos para a transformação facial e corporal e da participação em concursos de misses na Itália. Ao chegarem à cidade de Franca, em busca das promessas, eram submetidas à exploração sexual e à condição análoga à de escravas, sendo obrigadas a adquirir itens diversos dos investigados (roupas, perucas, sapatos etc.), o que as levava a um ciclo de endividamento.
Os investigados aplicavam silicone industrial no corpo das vítimas e as encaminhavam para clínicas médicas para implante de próteses mamárias, havendo indícios de que as próteses utilizadas eram provenientes de reúso. As vítimas consideradas mais bonitas e promissoras eram enviadas à Itália para a participação em concursos de misses, tudo a expensas dos investigados, o que causava um novo ciclo de endividamento. Naquele país, eram novamente submetidas à exploração sexual para o pagamento de suas dívidas com o grupo criminoso.
Os investigados responderão, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de tráfico internacional de pessoas, redução à condição análoga à de escravo, associação criminosa, rufianismo e exercício ilegal da medicina. Se condenados, as penas podem ultrapassar 25 anos de reclusão.