Rosto e corpo é questão de gosto? Entendendo porque o padrãozinho é a escolha da maioria
Rosto e corpo é questão de gosto? O que você olha num cara ao “fazer sua escolha” para um date, um beijo na boate, namoro, amizade, qualquer forma de relação? O que te motiva inicialmente é algo relacionado à forma, cor da pele, cabelo, nacionalidade, barba? Ou você é indiferente e prefere que o contato defina a relação?
O fato é que a construção da ideia de beleza é estrutural. Nós somos motivados a acreditar que um rosto com pouca simetria é feio e com mais simetria é bonito. Isso acontece com pessoas brancas, de pele clara e pretas, o racismo estrutural, quando nossas escolhas estão voltadas somente para pessoas brancas, nos foi impelido que gente branca é bonita e preta, não.
Pode doer, mas é verdade. Praticamente somos todos racistas, xenofóbicos, gordofóbicos e até transfóbicos quando deixamos que nossas “escolhas” sejam lideradas pelo gosto do senso comum: branco, masculino, de barba, malhado, jovem. Sim, e esse preconceito é estrutural e não, não é culpa sua, mas da estrutura em que somos educados.
O amadurecimento nos leva a processos de desconstrução dessas “fobias” sociais e um passo inicial é oportunizar nossas relações dentro da diversidade, dar chances a caras pretos, gordos, asiáticos, afeminados. Um outro passo é parar de fetichizar o corpo do outro: “o negro tem pênis grande e tem que ser ativo, o afeminado tem que ser passivo, transar com menino trans porque só assim para ‘comer uma boct***’”, são processos que a gente precisa iniciar.
Naturalmente que sempre teremos indicadores de atração, mas entender que sexo se faz com o corpo inteiro, muito além do falo, pode nos dar a chance de oportunizar relações com caras fora da curva que comumente costumamos procurar nos app e festinhas. A discussão é longa e vai muito além de rosto e corpo e o vídeo acima é uma reflexão inicial de que temos muito a discutir.
Marcio Rolim é editor de conteúdo do Hornet para o qual já escreveu mais de 3 mil artigos de sobre comportamento LGBTQIA+ e também produz conteúdo para o canal Bee40tona no Instagram e no YouTube.