Tratamento elimina HIV: pesquisadores brasileiros apresentam resultados de pesquisa
Super tratamento capaz de eliminar HIV inclui cinco antirretrovirais, sal de ouro e nicotinamida, que reduzem as células infectadas e ainda uma vacina que induz corpo a reagir contra a replicação do vírus, é o que publicou hoje o portal de notícias R7 sobre o trabalho de pesquisa de um grupo de pesquisadores brasileiros ligados à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A pesquisa tem resultados que chega muito perto da cura esterilizante do HIV, ou seja, de eliminar completamente o vírus que causa a Aids. A pesquisa apresentada nesta segunda-feira (30) em São Paulo, em um congresso organizado pela Sociedade Brasileira de Infectologia e Sociedade Brasileira de Hepatologia já está em curso há seis anos.
O médico infectologista Ricardo Diaz que lidera a equipe de pesquisadores do projeto diz que o maior plano era tentar entender por que os medicamentos disponíveis no mercado não eliminam completamente o vírus para, a partir desta informação, criar uma droga capaz de curar uma pessoa portadora de HIV.
“Nós precisávamos determinar quais são as barreiras que impedem a cura com o tratamento convencional, porque quando o paciente está tomando o coquetel, mesmo que a carga viral seja indetectável, o vírus ainda está lá”, explica Diaz.
Nos primeiros anos de pesquisa a equipe descobriu que o vírus HIV consegue enganar os antirretrovirais, se “escondendo” sem se multiplicar e aparecer no plasma. Além disso, ele se esconde em células onde os antirretrovirais não conseguem atuar, como cérebro, intestino, ovários e testículos. “Quando o paciente para de tomar o coquetel e o medicamento não entra mais no organismo, o vírus volta a aparecer e a se multiplicar rapidamente”, diz o médico.
A pesquisa da Unifesp passou a ser a primeira no mundo a fazer testes em humanos começando por formar um grupo de 30 voluntários com carga viral indetectável, que já faziam tratamento com três tipos de antirretrovirais. Divididos em seis subgrupos, cada um recebeu um tipo diferente de combinação de medicamentos.
“Os voluntários que apresentaram uma redução significativa no número de células contaminadas com o HIV foram os que tomaram, além dos três que já tomavam, mais dois antirretrovirais: o dolutegravir, o mais forte que existe no momento, e o maraviroc, uma substância capaz de reverter a latência, ou seja, de forçar o vírus que está escondido a aparecer”, afirma Diaz.
Durante as pesquisas descobriu-se que o uso de duas substâncias era essencial no processo: a nicotinamida, uma vitamina que os cientistas perceberam também ser capaz de reverter a capacidade do HIV se esconder nas células e a auranofina, conhecida como sal de ouro. Os pesquisadores descobriram que ela é capaz de encontrar a célula infectada com o HIV e levar esta célula ao suicídio.
“Com a combinação dos cinco antirretrovirais, da nicotinamida e da auranofina, conseguimos uma redução sem precedentes no número de células infectadas nesses pacientes. Mas ainda não eliminamos completamente a carga viral. Ainda restaram algumas células infectadas. Para alcançar a cura total, desenvolvemos o que chamamos de vacina de células dendríticas”, explica Ricardo Diaz
Essa vacina deverá ser produzida com o vírus e as células do próprio paciente e tem a função de ensinar o organismo a encontrar as células infectadas e destruir cada uma delas – e desta forma, eliminar completamente o vírus HIV do organismo. O resultado final deve sair em dois meses e vai ser apresentado no Congresso Mundial de Aids que acontece no mês de julho, na Holanda.
O próximo passo agora é explicado pelo chefe da pesquisa: “A gente aproximou esses pacientes da cura e agora precisamos saber exatamente o que acontece com essas pessoas quando retirarmos os remédios”.