Uso da PrEP está em alta levando à diminuição nas taxas de HIV, aponta conferência
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O uso da PrEP está aumentando rapidamente entre as pessoas com maior risco de contrair o HIV: em uma apresentação na 22ª Conferência Internacional de Aids em Amsterdã, pesquisadores do Emory University’s Rollins School revelaram que, dentro do grupo demográfico em risco, a taxa do uso da PrEP foi de 7.0 a cada 1.000 em 2012 para 68.5 a cada 1.000 em 2016.
Nesse mesmo período de cinco anos, novos diagnósticos de HIV diminuíram na população geral de 15,7 por 100.000 pessoas para 14,5. Os estados com a mais alta utilização do Truvada, o nome comercial da terapia anti-HIV, tiveram os maiores declínios na taxa de HIV, enquanto aqueles com as taxas mais baixas de PrEP, em média, viram um aumento nos novos diagnósticos de HIV.
Mesmo controlando essas variáveis, no entanto, os dados do Sistema Nacional de Vigilância do HIV mostraram que o uso da PrEP ainda estava associado a sérios declínios nos novos diagnósticos de HIV.
“Estes dados validam ainda mais o potencial para impactos significativos na saúde pública do Truvada para PrEP para ajudar a reduzir a transmissão do HIV nos EUA”, diz o autor principal, Patrick Sullivan. “Ao documentar declínios significativos na média de novos casos de HIV em estados onde o Truvada para PrEP foi mais amplamente adotado, nossa análise enfatiza a importância de melhorar o acesso à triagem de HIV e uma gama completa de ferramentas de prevenção, incluindo a PrEP nos Estados Unidos.”
Esse aumento também está tendo uma consequência não intencional: uma redução no uso de camisinhas entre gays e bissexuais.
Usando dados das Pesquisas Periódicas da Comunidade Gay de Melbourne e Sydney (GCPS), cientistas da Universidade de New South Wales descobriram que em 2013, 1% dos 2.692 homens que relataram relações anais sem preservativo com parceiros casuais (CAIC) eram HIV negativos e estavam usando a PrEP.
De acordo com um estudo publicado no mês passado no The Lancet, essa porcentagem subiu para 5% de 3.660 homens em 2016 e 16% de 4.018 homens em 2017.
Consistente uso do preservativo foi relatado por 46% dos homens em 2013, 42% em 2015 e apenas 31% em 2017, enquanto a taxa de homens que eram HIV-negativos ou não testados e não usando PrEP permaneceu bastante consistente. O governo australiano aprovou a PrEP em maio de 2016 – o acesso anterior era limitado a testes clínicos e as pessoas que compravam o Truvada no exterior ou estavam dispostas a comprá-lo no mercado negro.
Uma apresentação diferente na Conferência Internacional de Aids deste ano sugeriu que a PrEP pode ser menos eficaz em mulheres trans que tomam hormônios femininos. O Dr. Akarin Hiransuthikul, do Centro de Pesquisas da AIDS da Cruz Vermelha da Tailândia, disse que, após oito semanas, as mulheres trans que combinaram as duas terapias mostraram uma redução de 13% no tenofovir, um dos dois ingredientes que compõem a PrEP.
Relatórios anteriores já haviam indicado níveis sanguíneos mais baixos de PrEP em mulheres transgênero, mas os pesquisadores não sabiam se isso se devia à interação medicamentosa, ao descumprimento da PrEP ou a algum outro fator. Para encontrar a resposta, Hiransuthikul ajustou a dosagem de ambos os hormônios femininos e PrEP entre 20 voluntários transgêneros.
“Este é um pequeno estudo, mas é importante para a comunidade trans que tenha dúvidas reais sobre isso”, disse Linda-Gail Bekker, da International AIDS Society, ao MedPage Today. “É importante que a comunidade trans saiba que estamos fazendo pesquisas nessa área.”
Hiransuthikul disse que ainda há questões importantes a serem abordadas antes de qualquer determinação. “Essa interação ocorre em tecidos-alvo, como os do reto? E essa redução na concentração sanguínea do tenofovir significa alguma coisa clinicamente para a eficácia da PrEP?”
Hiransuthikul acrescentou que o uso de PrEp não teve efeito real sobre os níveis de medicação de estrogênio em seus voluntários.