Vírus mortal primo do HIV atinge 40% da população australiana e preocupa médicos no mundo todo
Um antigo vírus mortal conhecido como “primo do HIV” voltou a gerar alerta em todo o mundo depois de infectar e matar diversas pessoas no norte da Austrália nos últimos meses. Segundo o The Guardian, médicos estão em alerta para a necessidade de esforços a fim de combater a propagação do HTLV-1.
As taxas de infecção pelo vírus HTLV-1 (ou vírus linfotrópico de células humanos do tipo I) já são superiores a 40% entre adultos em regiões remotas da Austrália central, sendo as comunidades indígenas as mais atingidas, especialmente na cidade de Alice Springs. Com isso, médicos advertem sobre a falta de interesse da comunidade científica em criar modos de prevenção, teste e tratamento.
“A prevalência da doença nem aparece nos gráficos da Austrália”, explica Dr. Robert Gallo, co-fundador e diretor do Instituto de Virologia Humana da Universidade de Medicina de Maryland, onde o HTLV-1 foi primeiramente detectado, em 1979. Ele ainda critica a falta de ação sobre um possível tratamento. “Ninguém que eu conheça tem feito alguma coisa para o tratamento disso”, aponta. “Há um pequeno esforço para os efeitos da vacina, além de algumas pesquisas japonesas. Assim, a prevenção através da vacina está amplamente aberta para estudo”, completa.
O vírus está associado a dezenas de graves problemas de saúde, como doenças do sistema nervoso e uma doença que afeta os pulmões, chamada bronquiectasia, além de enfraquecer o sistema imunológico. O HTLV-1, às vezes, é chamado de” primo do vírus da imunodeficiência humana”, o HIV.
Apesar de mundial, o problema é endêmico em algumas regiões tais como o centro da Austrália; sul do Japão; algumas partes do Caribe e da América do Sul – incluindo o Brasil, além de Peru, Colômbia e Guiana Francesa; áreas intertropicais da África, como no Gabão; regiões do Oriente Médio, especialmente no Irã; algumas áreas da Romênia, e em uma pequena região isolada da Melanésia, de acordo com o Centro para Prevenção e Controle de Doenças da Europa Central.
Agora, “nós temos que compensar o que não fizemos antes”, defende o médico que descobriu o vírus há 40 anos. “Temos que chamar a atenção para o HTLV-1 rápido”. Em outras palavras, a alta prevalência do HTLV-1 na Austrália central tornou-se uma espécie de alerta para o mundo fazer mais para prevenir e reduzir as infecções desse vírus.
Imagem de Observatório G