Supermercado Makro obriga funcionária lésbica a usar banheiro masculino
Supermercado Makro obriga Thais de Paula Cyriaco, de 30 anos, que trabalha como auxiliar de limpeza terceirizada da rede de supermercado atacadista Makro, na unidade Santos Dumont, Campinas (SP), a usar o banheiro masculino.
As informações são do site Ponte, que afirma que, em setembro do ano passado, a funcionária recebeu um comunicado da empresa avisando que, daquele dia em diante, ela estava proibida de usar e limpar os banheiros femininos da unidade. O motivo era a sua orientação sexual e sua aparência.
Thais, mulher lésbica, não atende a padrões feminino cis-heteronormativo de roupas. Uma promotora de vendas da Aurora Alimentos, que passou a trabalhar dentro do Makro em setembro de 2018, ao se deparar com Thais no banheiro feminino, alegou que se sentia constrangida com a presença de Cyriaco. De acordo com a advogada da vítima, Janice Dias, a funcionária é responsável pela limpeza de vários setores, inclusive banheiros e vestiários, tanto masculino quanto feminino.
“Desde a reclamação, a auxiliar de limpeza foi impedida de entrar no banheiro/vestiário feminino tanto para desempenhar suas funções quanto para fazer uso pessoal do local como troca de roupa, necessidades fisiológicas e armário. Isso faz com que ela tenha que vestir seu uniforme por cima da roupa para não ser vista nua pelos homens no banheiro, além de conviver com homens usando mictório, vivendo em um ambiente de risco de violência sexual. Ela abstém-se de fazer suas necessidades fisiológicas, esperando um momento de o banheiro ficar vazio para entrar”, explica a advogada.
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Em entrevista à Ponte, a funcionária relembra momentos de medo e vergonha ao usar o banheiro masculino. “Foi muito constrangedor, durante o meu horário de trabalho, ter que usar o banheiro dos meninos. Não tem lógica eu, mulher, ter que usar o banheiro dos meninos. Sentia medo o tempo todo. Era ruim tanto para mim quanto para eles”, conta Paula.
Na última sexta-feira (21/02), a 6ª Vara Cível, em nome do juiz Andre Pereira de Souza, expediu uma liminar em favor da funcionária. A ação pede, além de reparação financeira por danos morais, a realização de palestras sobre gênero e LGBTIfobia (preconceito motivado por orientação sexual ou orientação de gênero) por parte de todas as empresas envolvidas.
Com a liminar, Cyriaco espera poder voltar a usar o banheiro feminino. “Espero chegar lá e poder usar o banheiro feminino. Por várias vezes eu cheguei em casa muito constrangida, sem querer voltar para trabalhar no dia seguinte. Ficava uns minutos tomando coragem para entrar no banheiro, com medo do que podia acontecer ou do que eu podia ver”, explica Thais.
A Ponte entrou em contato com as três empresas, Elofort Serviços, Makro e Aurora Alimentos, tanto via telefone, quanto através dos e-mails disponibilizados nos sites oficiais de cada uma, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.